Viagens na Minha Terra - 16

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esperança ha muito que navegava; entrava outubro e o hynverno inglez com
suas mais asperas, e n'este anno tam precoces, severidades. Eu sentia-me
morrer de tristeza e de isolamento no meio da populosa e turbulenta
Londres, Julia percebeu-o, e mandou-me voltar a ----shire. Voltei.


CAPITULO XLVIII.

Carta de Carlos a Joanninha: continúa.

O que eu senti quando, apezar de tam desfigurados pelos tres-altos de
neve que os cubriam, comecei a reconhecer aquelles sitios da vizinhança
do parque, e a confrontar as árvores, os pastios, os casaes d'aquelles
arredores!
Era outra a expressão de physionomia da paizagem, mas as queridas
feições eram as mesmas, e uma a uma lh'as ia estremando.
Emfim o meu _stage_ parou á entrada do parque, e eu tomei apé pela longa
avenida. Eram nove horas da manhan, e a manhan brumosa, fria, mas o
tempo macio, não estava _cru_, segundo a expressiva phrase do paiz.
Por entre a nevoa que me incubria a antiga mansão e involvia as árvores
circumstantes n'um sudario cinzento e melancholico, fui caminhando,
quasi pelo tacto, até meia alameda talvez.
Parei a reflectir na minha posição e no que eu ia ser n'aquella casa que
de novo me abria suas portas hospitaleiras, quando, atravez da neblina
brancacenta e onde ella era mais rara, descubri um vulto que vinha a mim
de entre as árvores do parque.
O vulto era de mulher e parecia uma sombra, uma apparição phantastica em
meio d'aquella scena mysteriosa, so, triste.
Na distancia figurava-se-me alto em demazia: Julia não era nem podia
ser; Julia a mais diminutiva e delicada de quantas fadas bonitas e
graciosas teem trazido varinha de condão. Laura... ai! Laura tam longe
estava d'alli... Quem sería pois? So se fosse!.. Quem?
Aquella elegancia, aquelle cabello sôlto e annellado, aquelle ar gentil
não podia ser senão d'ella...
D'ella, quem?
Ainda te não fallei, quasi, da última das tres bellas irmans que me
incantavam, não t'a descrevi, não t'a nomeei pelo seu nome. Repugnava-me
fazê-lo. Mas é preciso: custa-me, não ha remedio.
Era Georgina...
Georgina que tu conheces, Georgina que... era Georgina a que vinha a mim
n'aquella--fatal ou feliz?--manhan; Georgina que de todas tres era a que
menos me fallava, que eu verdadeiramente menos conhecia.
Este meu coração, á fôrça de ferido e de mal curado que tem sido,
pressente e adivinha as mudanças de tempo com uma dor chronica que me
dá. Pressenti não sei quê ao ver approximar-se Georgina...
--'Como foi bom em vir! Estou realmente feliz de o ver. E Julia, a pobre
Julia, que alegria que vai ter, hade curá-la de todo.'
--'Pois quê! Julia está doente?'
--'Não o sabía!... Ai! não, bem sei que não: ella não lh'o quiz dizer.
Julia está doente; mas não é de cuidado. Eu sempre quiz advirti-lo antes
que a visse, por isso calculei as horas do coche e vim para aqui
esperá-lo.'
Éstas palavras eram simples, não tinham nada que me devesse impressionar
extraordinariamente, e todavia eu sentia-me agitado como nunca me
sentira. Olhava para Georgina como se a visse a primeira vez, e pasmava
de a ver tam bella, tam interessante.
É uma situação d'alma ésta que não sei que a descrevessem ainda poetas
nem romancistas: desprezam-n'a talvez, ou não a conhecem. Está recebido
que as subitas impressões causadas por um primeiro incôntro sejam as
mais interessantes, as mais poeticas.
Eu não nego o effeito theatral d'essas primeiras e repentinas sensações;
mas sustento que interessa mais ess'outra inesperada e extranha
impressão que nos faz um objecto ja conhecido, que víramos com
indifferença atéalli, e que derrepente se nos mostra tam outro do que
sempre o tinhamos considerado...
Mas ésta mulher é bella realmente! E eu que nunca o vi! Mas aquelles
olhos são divinos! Onde tinha eu os meus atégora? Mas este ar, mas ésta
graça onde os tinha ella escondidos? etc. etc.
Vão-se gradualmente, vão-se pouco a pouco descobrindo perfeições,
incantos; e o sentimento que resulta é mil vezes mais profundo, mais
fundado, sôbretudo, que o das taes primeiras impressões tam cantadas e
decantadas.
Que mais te direi depois d'isto? Entrámos em casa, vi Julia, fallámos de
Laura muito e muito. Mas eu ja o não fiz com o enthusiasmo, com a
admiração exclusiva com que d'antes o fazia...
Julia recobrou, breve, a saude, e com ella o equilibrio do espirito.
Renovou-se toda a alegria, todo o incanto das nossas conversações
íntimas, dos nossos longos passeios. Laura lembrava com saudade; mas
suavizava-se, imbrandecia gradualmente aquella saudade.
Georgina, que atéalli parecia impenhar-se em se deixar eclipsar pela
irman, agora, ausente ella, brilhava de toda a sua luz, em graça, em
espirito, por um natural singelo e franco, por uma exquisita doçura de
maneiras, de voz, de expressão, de tudo.
Julia revia-se n'ella, e eu acabei pela adorar. Vergonha eterna sôbre
mim! mas é a verdade: quiz-lhe mais do que a Laura, ou pareceu-me
querer-lhe mais... que tanto vale.
Eu sei?.. Não, não lhe queria tanto. Mas amei-a.
Amei, sim, e fui amado!
Tres mezes durou a minha felicidade. É o mais longo periodo de ventura
que posso contar na vida. Falsa ventura, mas era.
A imperiosa lei da honra exigiu que nos separassemos, que partisse para
os Açores. Fui. Ninguem sacrificou mais, ninguem deu tanto como eu para
aquella expedição. A historia fallará de muitos serviços, de muitas
dedicações. Quem saberá nunca d'esta?
A historia é uma tola.
Eu não posso abrir um livro de historia que me não ria. Sôbretudo as
ponderações e adivinhações dos historiadores acho-as de um comico
irresistivel. O que sabem elles das causas, dos motivos, do valor e
importancia de quasi todos os factos que recontam?
Ainda não sei como parti, como cheguei, como vivi os primeiros tempos da
minha estada n'aquelle escôlho no meio do mar, chamado a ilha Terceira,
onde se tinham refugiado as pobres reliquias do partido constitucional.
Habituei-me porfim. A que se não affaz o homem?
Levaram-me uma tarde á grade de um convento de freiras que ahi havia. O
meu ar triste, distrahido, indifferente excitou a piedade das boas
monjas. Uma d'ellas, joven, ardente, apaixonada, quiz tomar a empresa de
me consolar. Não o conseguiu, coitada! O meu coração estava em ----shire
em Inglaterra, estava na India, estava no valle de Santarem,
Pelo mundo em pedaços repartido;
estava em toda a parte, menos alli, que nada d'elle estava nem podia
estar.
Era Soledade que se chamava a freirinha, e com o seu nome ficou.
Disseram o que quizeram os falladores que nunca faltam, mas mentiram
como mentem quasi sempre, inganaram-se como se inganam sempre.
Eu não amei a Soledade.
E comtudo lembro-me d'ella com pena, com sympathia... Se eu sou feito
assim, meu Deus, e assim heide morrer!
Viemos para Portugal; e o resto agora da minha historia sabes tu.
Cheguei porfim ao nosso valle, todo o passado me esqueceu assim que te
vi. Amei-te... não, não é verdade assim. Conheci, mal que te vi entre
aquellas árvores, á luz das estrellas, conheci que era a ti so que eu
tinha amado sempre, que para ti nascêra, que teu so devia ser, se eu
ainda tivera coração que te dar, se a minha alma fosse capaz, fosse
digna de junctar-se com essa alma d'anjo que em ti habita.
Não é, Joanna; bem o ves, bem o sentes, como eu o sinto e o vejo.
Eu sim tinha nascido para gosar as doçuras da paz e da felicidade
doméstica; fui creado, estou certo, para a glória tranquilla, para as
delicias modestas de um bom pae de familias.
Mas não o quiz a minha estrella. Embriagou-se de poesia a minha
imaginação e perdeu-se: não me recobro mais. A mulher que me amar hade
ser infeliz por fôrça, a que me intregar o seu destino, hade vê-lo
perdido.
Não quero, não posso, não devo amar a ninguem mais.
A desolação e o oppróbrio entraram no seio da nossa familia. Eu renuncio
para sempre ao lar doméstico, a tudo quanto quiz, a tudo quanto posso
querer. Deus que me castigue, se ousa fazer uma injustiça, porque eu não
me fiz o que sou, não me talhei a minha sorte, e a fatalidade que me
persegue não é obra minha.
Adeus Joanna, adeus prima querida, adeus irman da minha alma! Tu
accompanha nossa avó, tu consola esse infeliz que é o auctor da sua e
das nossas desgraças. Tu, sim, que podes; e esquece-me.
Eu, que nem morrer ja posso, que vejo terminar desgraçadamente ésta
guerra no unico momento em que a podia abençoar, em que ella podia
felicitar-me com uma balla que me mandasse aqui bem direita ao coração,
eu que farei?
Creio que me vou fazer homem politico, fallar muito na patria com que me
não importa, ralhar dos ministros que não sei quem são, palrar dos meus
serviços que nunca fiz por vontade; e quem sabe?.. talvez darei porfim
em agiota, que é a unica vida de emoções para quem ja não póde ter
outras.
Adeus minha Joanna, minha adorada Joanna, pela última vez, adeus!


CAPITULO XLIX.

De como Carlos se fez barão.--Fim da historia de
Joanninha.--Georgina abbadessa.--Juizo de Fr. Diniz sôbre a questão
dos frades e dos barões.--Que não póde tornar a ser o que foi, mas
muito menos póde ser o que é. O que hade ser, Deus o sabe e
proverá.--Vai o A. dormir ao Cartaxo.--Sonho que ahi tem.--Volta a
Lisboa.--Caminhos de ferro e de papel.--Conclusão da viagem e
d'este livro.

Acabei de ler a carta de Carlos, intreguei-a a Fr. Diniz em silencio.
Elle tornou-me:
--'Leu?'
--'Li.'
--'Que mais quer saber? Sinto que lhe posso dizer tudo: não o conheço,
mas...'
--'Mas deve conhecer-me por um homem que se interessa vivamente...'
--'Em quê? nas eleições, na agiotagem, nos bens nacionaes?'
--'Não senhor. Fui camarada de Carlos, não o vejo ha muitos annos e...'
--'Nem o conhecia se o visse agora: ingordou, inriqueceu, e é barão...'
--'Barão!'
--'É barão, e vai ser deputado qualquer dia.'
--'Que transformação! Como se fez isso, sancto Deus! E Joanninha e
Georgina?'
--'Joanninha inlouqueceu e morreu. Georgina é abbadessa de um convento
em Inglaterra.'
--'Abbadessa?'
--'Sim. Converteu-se á communhão catholica; era ricca, fundou um
convento em ----shire e lá está servindo a Deus.'
--'E ésta pobre senhora, a avó de Joanninha?'
--'Ahi está como a ve, morta de alma para tudo. Não ve, não ouve, não
falla, e não conhece ninguem. Joanninha veio morrer aqui n'esta fatal
casa do valle, eu estava ausente, expirou nos braços d'ella e de
Georgina. Desde esse instante a avó cahiu n'aquelle estado. Está morta,
e não espero aqui senão a dissolução do corpo para o interrar, se eu não
for primeiro, e Deus queira que não! quem hade tomar conta d'ella, ter
charidade com a pobre da demente? Mas depois... oh! depois... espero no
Senhor que se compadeça emfim de tanto soffrer e me leve para si.'
--'Mas Carlos?'
--'Carlos é barão: não lh'o disse ja?'
--'Mas por ser barão?..'
--'Não sabe o que é ser barão?'
--'Oh se sei! Tam poucos temos nós?'
--'Pois barão é o succedaneo dos...'
--'Dos frades... Ruim substituição!'
--'Vi um dos taes papeis liberaes em que isso vinha: e é a unica coisa
que leio d'essas ha muitos annos. Mas fizeram-m'o ler.'
--'E que lhe pareceu?'
--'Bem escripto e com verdade. Tivemos culpa nós, é certo; mas os
liberaes não tiveram menos.'
--'Errámos ambos.'
--'Errámos e sem remedio. A sociedade ja não é o que foi, não póde
tornar a ser o que era;--mas muito menos ainda póde ser o que é. O que
hade ser, não sei. Deus proverá.'
Ditto isto, o frade benzeu-se, pegou no seu breviario e poz-se a rezar.
A velha dobava sempre, sempre. Eu levantei-me, contemplei-os ambos
alguns segundos. Nenhum me deu mais attenção nem pareceu conscio da
minha estada alli.
Sentia-me como na presença da morte e atterrei-me.
Fiz um esfôrço sôbre mim, fui deliberadamente ao meu cavallo, montei,
piquei desesperado d'esporas, e não parei senão no Cartaxo.
Incontrei alli os meus companheiros; era tarde, fomos ficar fóra da
villa á hospedeira casa do Sr. L. S.
Rimos e folgámos até alta noite: o resto dormimos a somno sôlto.
Mas eu sonhei com o frade, com a velha--e com uma enorme constellação de
barões que luzia n'um ceu de papel, d'onde choviam, como farrapos de
neve, n'uma noite pollar, notas azues, verdes, brancas, amarellas, de
todas as côres e matizes possiveis. Eram milhões e milhões e milhões...
Nunca vi tanto milhão, nem ouvi fallar de tanta riqueza senão nas mil e
uma noites.
Acordei no outro dia e não vi nada... so uns pobres que pediam esmola á
porta.
Metti a mão na algibeira, e não achei senão notas... papeis!
Parti para Lisboa cheio de agoiros, de inguiços e de tristes
presentimentos.
O vapor vinha quasi vazio, mas nem por isso andou mais depressa.
Eram boas cinco horas da tarde quando desimbarcámos no Terreiro-do-Paço.
Assim terminou a nossa viagem a Santarem: e assim termina este livro.
Tenho visto alguma coisa do mundo, e apontado alguma coisa do que vi. De
todas quantas viagens porêm fiz, as que mais me interessaram sempre
foram as viagens na minha terra.
Se assim o pensares, leitor benevolo, quem sabe? póde ser que eu tome
outra vez o bordão de romeiro, e va perigrinando por esse Portugal fóra,
em busca de historias para te contar.
Nos caminhos de ferro dos barões é que eu juro não andar.
Escusada é a jura porêm.
Se as estradas fossem de papel, fa-las-iam, não digo que não.
Mas de metal!
Que tenha o govêrno juizo, que as faça de pedra, que póde, e viajaremos
com muito prazer e com muita utilidade e proveito na nossa boa terra.


NOTAS


NOTAS
AO LIVRO SEGUNDO.

*Nota A.*

Ficámos sem Nibelungen
pag. 3.

Collecção de antigas rhapsodias germanicas contendo o maravilhoso e
poetico de suas origens historicas e que é para os povos theutonicos o
que era a Ilíada para os hellenos. So se não sabe o nome do Homero
allemão que as redigiu e uniformizou como hoje se acham.

*Nota B.*

Caranguejar para as Lamas
pag. 3.

Fundo baixo do Tejo, ao longo da praia de Sanctos, que tem este nome e é
onde vão apodrecer as carcassas dos navios velhos e ja inuteis.

*Nota C.*

Os pés no _fender_
pag. 4.

Fender se chama em inglez a pequena e baixa tea de metal que defende o
fogão nas salas, paraque não caiam brazas nos sobrados. Descançam n'elle
os pés naturalmente quando a gente se está confortavelmente aquecendo em
liberdade.

*Nota D.*

Perfumados resplendores do _Old sack_
pag. 5.

Tem-se disputado muito sôbre qual seja a bebida espirituosa celebrada
por Shakspeare tantas vezes com este nome. A opinião mais acceita é que
fosse boa e velha aguardente de França.

*Nota E.*

Renegaram de San'Tiago por castelhano
pag. 5.

O grito de guerra commum a todas as nações christans hespanholas era:
San'Tiago! Quando na accessão da casa de Avis nos alliámos intimamente
com a Inglaterra contra Castella, começámos a invocar San'Jorge.

*Nota F.*

Vacca e riso de Fr. Bartholomeu dos Martyres
pag. 9.

Singela e original expressão do sancto arcebispo n'uma carta de convite
a um seu amigo. Fez-se, como devia ser, proverbial ésta phrase.

*Nota G.*

Feliz expressão do Sr. Conde de Raczinski
pag. 124.

Na sua obra intitulada 'Les arts en Portugal', Paris 1845.

*Nota H.*

O centro perde o centro de gravidade, o barbas arrepella as barbas
pag. 127.

Centro e barbas são qualificações e nomes de impregos theatraes.


INDICE.

Capitulo XXVI--Modo de ler os auctores antigos, e os modernos
tambem.--Horacio na sacra-via.--Duarte Nunes iconoclasta da nossa
historia.--A policia e os barcos de vapor.--Os vandalos do feliz systema
que nos rege.--Shakspeare lido em Inglaterra a um bom fogo, com um copo
de _old-sack_ sôbre a banca.--Sir John Falstaff se foi maior homem que
Sancho-Pansa?--Grande e importante descuberta archeologica sôbre
San'Tiago, San'Jorge e Sir John Falstaff.--Próva-se a vinda d'este
último a Portugal.--O enthusiasta britannico no tumulo de Heloisa e
Abeillard no Père-la-Chaise.--Bentham e Camões.--Chega o auctor á sua
janella, e pasmosa _miragem_ poetica produzida por umas oitavas dos
Lusiadas.--De como em fim proseguem éstas viagens para Santarem, e que
feito será de Joanninha. 1
Capitulo XXVII--Chegada a Santarem.--Olivaes de
Santarem.--Fóra-de-Villa.--Symetria que não é para os olhos.--Modo de
medir os versos da biblia.--Architectura pedante do seculo
XVII.--Entrada na Alcáçova. 11
Capitulo XXVIII--Depois de muito procurar acha em fim o auctor a egreja
de Sancta-Maria d'Alcáçova.--Stylo da architectura nacional perdido.--O
terremoto de 1755, o marquez de Pombal e o chafariz do Passeio-público
de Lisboa.--O chefe do partido progressista portuguez no alcassar de D.
Affonso Henriques.--Deliciosa vista dos arredores de Santarem observada
de uma janella da Alcáçova, de manhan.--É tomado o auctor de ideas
vagas, poeticas, phantasticas como um sonho.--Introducção do
Fausto.--Difficuldade de traduzir os versos germanicos nos nossos
dialectos romanos. 19
Capitulo XXIX--Doçuras da vida.--Imaginação e sentimento.--Poetas que
morreram moços e poetas que morreram velhos.--Como são escriptas éstas
viagens.--Livro de pedra. Criança que brinca com elle.--Ruinas e
reparações.--Idea fixa do A. em coisas d'arte e litterarias.--Sancta
Iria ou Irene, e Sanctarem.--Romance de Sancta Iria.--Quantas sanctas ha
em Portugal d'este nome? 29
Capitulo XXX--Historia de Sancta Iria segundo os chronistas e segundo o
romance popular. 39
Capitulo XXXI--Quommodo sedet sola civitas.--Santarem.--Portugal em
verso e Portugal em prosa.--Exquisito lavor de umas portas e janellas de
architectura mosarabe.--Busto de D. Affonso Henriques.--As salgadeiras
de Affrica.--Porta do Sol.--Muralhas de Santarem.--Voltemos á historia
de Fr. Diniz e da menina dos olhos verdes. 49
Capitulo XXXII--Tornâmos á historia do Joanninha.--Preparativos de
guerra.--A morte.--Carlos ferido e prisioneiro.--O hospital.--O
infermeiro.--Georgina. 55
Capitulo XXXIII--Carlos e Georgina. Explicação.--Ja te não amo! palavra
terrivel.--Que o amor verdadeiro não é cego.--Frade no caso outra vez.
_Ecce iterum Crispinus_; ca está o nosso Fr. Diniz comnosco. 69
Capitulo XXXIV--Carlos, Georgina e Fr. Diniz.--A peripecia do drama. 79
Capitulo XXXV--Reunião de toda a familia.--Explicação dos mysterios.--O
coração da mulher.--Parricidio.--Carlos beija emfim a mão a Fr. Diniz e
abraça a pobre da avó. 87
Capitulo XXXVI--Que não se acabou a historia de Joanninha.--Processo ao
coração de Carlos.--Immoralidade.--Defeito de organização não é
immoralidade.--Horror, horror, maldicção!--Um barão que não pertence á
familia lineana dos barões propriamente dittos.--Porta de
Atamarma.--Senatus consulto santareno.--Nossa Senhora da Victoria
_afforada_.--Threnos sôbre Santarem. 99
Capitulo XXXVII--A Graça e sua bella fachada gothica.--Sepultura de
Pedr'alvares Cabral.--Outro barão que não é dos assignalados.--Egreja do
Sancto-milagre.--Bellos medalhões mosarabes.--De como, chegando o prior
e o juiz, houve o A. vista do Sancto-milagre, e com que
solemnidades.--Monumento da muito alta e poderosa princeza a infanta D.
Maria da Assumpção.--Casa onde succedeu o milagre convertida em capella
de stylo philippino.--O homem das botas, e o que tem elle que haver com
o Sancto-milagre de Santarem.--Admiravel e graciosa esperteza da
regencia do Rocio.--Aaroun-el-Arraschid: e theoria dos governos
folgasões, os melhores governos possiveis.--Volta o paladio scalabitano
de Lisboa para Santarem. 111
Capitulo XXXVIII--Jantar nos reaes paços de Affonso Henriques.--Sautés e
salmis.--Desce o A. á Ribeira de Santarem em busca da tenda do
Alfageme.--A espada do Condestavel.--Desappontamento.--O salão elegante.
Dissipam-se as ideas archeologicas. Os fosseis. Tudo melhor quando visto
de longe.--O baile público.--Soirée de piano obrigado.--Theatro.
Desaffinações da prima-dona.--Syphlis incuravel das traducções.
Destempêro dos originaes.--A xácara de rigor, o subterraneo e o
cemiterio.--Sublime gallimathias do ridiculo.--A bella e necessaria
palavra 'gallimathias.'--Se as saudades matam.--Perigo de applicar o
scalpello ou a lente ao mais perfeito das coisas humanas.--De como a
logica é a mais perniciosa de todas as incoherencias. 121
Capitulo XXXIX--Processo de scepticismo em que está o
auctor.--Moralistas de _requiem_.--O maior sonho d'esta vida, a
logica.--Differença do poeta ao philosopho.--O coração de Horacio.--O
collegio de Santarem.--Jesuitas e templarios.--O alliado natural dos
reis:--'Ficar na gazeta' phrase muito mais exacta hoje do que 'Ficar no
tinteiro'.--San'Frei Gil e o Doutor Fausto.--De como o A. foi ao tumulo
do sancto bruxo e o achou vazio.--Quem o roubaria? 131
Capitulo XL--As Claras.--Aventura nocturna.--Se as freiras mettem medo
aos liberaes? O Psalmo.--Tres frades.--Práctica do franciscano.--O corpo
de San' Fr. Gil.--Que se hade fazer das freiras?--Mal do govêrno que
deixar comer mais aos barões. 141
Capitulo XLI--O roubador do corpo do sancto descuberto pela arguta
prespicacia do leitor benevolo.--Grande lacuna na nossa
historia.--Porque se não preenche?--Página preta na historia de Tristam
Shandy.--Novellas e romances, livros insignificantes.--O adro de
San'Francisco e as suas acacias.--Que será feito de Joanninha?--O peito
da mulher do norte.--Vamos embora: ja me infada Santarem e as suas
ruinas.--A corneta do soldado e a trombeta do juizo final.--Eheu,
Portugal, eheu! 151
Capitulo XLII--Protesto do auctor.--Desaffinação dos nervos.--O que é
preciso para que as ruinas sejam solemnes e sublimes.--Que Deus está no
Colliseu assim como em San'Pedro.--Quer-se o auctor ir embora de
Santarem.--Como, sem ver o tumulo d'elrei D. Fernando?--Em que estado se
acha este.--Exemplar de stylo byzantino.--Coroa real sôbre a caveira.--O
rei d'espadas e o symbolo do imperio.--Quem nunca viu o rei cuida que é
de oiro.--Brutalidades da soldadesca n'um tumulo real.--O que se acha
nas sepulturas dos reis.--A phrenologia.--Vindicta pública, tardia mas
ultrajante.--Camões e Duarte Pacheco.--A sombra falsa da
religião.--Regimen dos barões e da materia.--A prosa e a poesia do
povo.--Synthese e anályse.--O senso íntimo.--Se o auctor é demagogo ou
Jesuita?--Jesu Christo e os barões. 157
Capitulo XLIII--Partida de Santarem.--Pinacotheca.--Impaciencia e
saudades.--Sexta-feira.--Martyrio obscuro.--A figura do
peccado.--Estamos no valle outra vez.--Evocação de incanto.--A irman
Francisca e Fr. Diniz.--A teia de Penelope.--E Joanninha?--Joanninha
está no ceo.--A mulher morta a dobar esperando que a interrem.--A
esperança, virtude do christianismo.--Uma carta. 167
Capitulo XLIV--Carta de Carlos a Joanninha. 177
Capitulo XLV--Carta de Carlos a Joanninha: continúa. 187
Capitulo XLVI--Carta de Carlos a Joanninha: continúa. 195
Capitulo XLVII--Carta de Carlos a Joanninha: continúa. 207
Capitulo XLVIII--Carta de Carlos a Joanninha: continúa. 215
Capitulo XLIX--De como Carlos se fez barão.--Fim da historia da
Joanninha.--Georgina abbadessa.--Juiso de Fr. Diniz sôbre a questão dos
frades e dos barões.--Que não póde tornar a ser o que foi, mas muito
menos póde ser o que é? O que hade ser, Deus o sabe e proverá.--Vai o A.
dormir ao Cartaxo.--Sonho que ahi tem.--Volta a Lisboa.--Caminhos de
ferro e de papel.--Conclusão da viagem e d'este livro. 227
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