Romanceiro I: Romances da Renascença - 7

Total number of words is 4055
Total number of unique words is 1555
19.1 of words are in the 2000 most common words
24.8 of words are in the 5000 most common words
27.5 of words are in the 8000 most common words
Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
Mas a vida que eu perdi
Em vós podia incontrar.
‘Minhas penas não são minhas,
Senão vossas, mal pezar!
Que uma rainha christan
Feita moira vim achar...’
—‘Romeiro, não tomeis cuita
Por quem se não quer cuitar:
Do que fui ja me não lembro,
O que sou não me é dezar.
‘Deus terá dó da minha alma,
Que meu não foi o peccar;
E a esse traidor Ramiro
As contas lhe hade tomar.’
—‘Pois não espereis, senhora,
Por Deus, que póde tardar:
Dom Ramiro aqui o tendes,
Mandae-o ja castigar.’
Em pé está Dom Ramiro,
Ja não ha que disfarçar:
Aquellas barbas tam brancas
Cahiram de um impuxar.
O bordão e a esclavina
A terra foram parar;
Não ha ver mais gentilezas
De meneio e de trajar.
Quem viu olhos como aquelles
Com que o ella está a mirar!
Quem passou ja transes d’alma
Como ella está a passar?
Um tremor que não é mêdo,
Um sorriso de infiar,
Vergonha que não é pejo,
Faces que ardem sem corar...
Tudo isso tem no semblante,
Tudo lhe está a assomar
Como ondas que vão e vêem
Na travessia do mar.
A vingança é o prazer do homem,
Da mulher é o seu manjar:
Assim perdoa elle e vive,
Ella não—que era acabar.
Vingar-se foi o primeiro
E o derradeiro pensar
Que entre tantos pensamentos,
Em Gaia estão a pullar:
Logo depois a vaidade,
O gôsto de triumphar
N’um coração que foi seu,
Que seu lhe torna a voltar.
E o rei moiro estava longe
C’os seus no monte a caçar,
Ella só n’aquella tôrre...
Prudencia e dissimular!
Abre a bôcca a um sorriso
Doce e triste—de mattar!
Tempéra a chamma dos olhos,
Abafa-a por mais queimar.
Pôs na voz aquelle incanto
Que, ou minta ou não, é fatal;
E com o inferno no seio,
Falla o ceo no seu fallar.
Ja os amargos queixumes
Se imbrandecem no chorar,
E em sua propria justiça
Com arte finge affrouxar.
Protesta a bôcca a verdade:
—‘Que não hade perdoar...’
Mas a verdade dos labios
Os olhos querem negar.
De joelhos Dom Ramiro
Alli se estava a humilhar,
Supplíca, roga, promette...
Ella parece hesitar.
Senão quando, uma bozina
Se ouviu ao longe tocar...
A rainha mal podia
O seu prazer disfarçar:
—‘Escondei-vos, Dom Ramiro,
Que é chegado Alboazar,
Depressa n’este aposento...
Ou ja me vereis mattar.’
Mal a chave deu tres voltas,
Na manga a foi resguardar;
Mal tirou a mão da cotta,
Que o rei moiro vinha a entrar:
—‘Tristes novas, minha Gaia,
Novas de muito pezar!
Primeira vez em tres annos
Que me succede este azar!...
‘Toquei a minha bozina
Ás portas, antes de entrar,
E não correste ás ameias
Para me ver e saudar!
‘Muito mal fizeste, amiga,
Em tam mal me costumar;
Não sei agora o que fazes
Em me querer emendar...’
No coração da rainha
Batalha se estão a dar
Os mais estranhos affectos
Que nunca se hãode incontrar:
O que foi, o que é agora...
E a ambição de reinar...
O amor que tem ao moiro,
E o gôsto de se vingar...
Venceu amor e vingança:
Deviam de triumphar,
Que era em peito de mulher
Que a batalha se foi dar.
‘Novas tenho e grandes novas,
Amigo para vos dar:
Tomae ésta chave e abride,
Vereis se são de pezar.’
Com que ância elle abriu a porta,
Vista que foi encontrar!..
Palavras que alli disseram,
Não n’as saberei contar:
Que foi um bramir de ventos,
Um bater d’aguas no mar,
Um confundir ceo e terra,
Querer-se o mundo acabar.
Vereis porfim o rei moiro
Que sentença veio a dar:
—‘Perdeste a honra, christão;
Vida, quero-t’a deixar.
‘De uma vez, que me roubaste,
Muito bem me fiz pagar:
D’esta basta-me a vergonha
Para de ti me vingar.’
Sentia-se elrei Ramiro
Do despeito devorar;
Com ar contricto e affligido
Assim lhe foi a fallar:
—‘Grandes foram meus peccados,
Poderoso Alboazar;
E taes que a mercê da vida
De ti não posso acceitar:
‘Eu não vim a teu castello
Senão só por me intregar,
Para receber a morte
Que tu me quizeres dar:
‘Que assim me foi ordenado
Para minha alma salvar
Por um sancto confessor
A quem me fui confessar.
‘E mais me disse e mandou,
E assim t’o quero rogar,
Que, pois foi publica a offensa,
Público seja o penar:
‘Que ahi n’essa praça d’armas
Tua gente faças junctar;
Ahi deante de todos
A vida quero acabar
‘Tangendo n’esta bozina,
Tangendo até rebentar;
Que digam todos que isto virem,
E lhes fique de alembrar:
«Grande foi o seu peccado,
No mundo andou a soar;
Mas a sua penitencia
Mais alto som veio a dar.»
Quizera-lhe o bom do moiro
Por força alli perdoar;
Mas se a pêrra da rainha
Jurou de á morte o levar!...
Veis na praça do castello,
Toda a moirama a ajunctar;
Em pé no meio da turba
Ramiro se foi alçar.
Tange que lhe tangerás,
Toca rijo a bom tocar;
Por muitas leguas á roda
Reboava o bozinar.
Se o ouvirão nas galés
Que deixou a beira-mar?
Decerto ouviram, que um grito
Tremendo se ouve soar...

CANTIGA QUARTA
—‘Sanctiago!.. Cerra, cerra!
Sanctiago, e a mattar!’
Abertas estão as portas
Da tôrre de par em par.
Nem atalaias nos muros,
Nem roldas para as velar...
Os moiros despercebidos
Sentem-se logo apertar
De um tropel de leonezes
Ja portas a dentro a entrar.
Deixa a bozina Ramiro,
Mão á espada foi lançar.
E de um só golpe fendente,
Sem mais pôr nem mais tirar,
Parte a cabeça até aos peitos
Ao rei moiro Alboazar...
Ja tudo é morto ou captivo,
Ja o castello está a queimar;
Ás galés com seu despôjo
Se foram logo a imbarcar.
—‘Voga, rema! d’alêm Doiro
Á pressa, á pressa a passar,
Que ja oiço alli na praia
Cavallos a relinchar.
‘Bandeiras são de Leão
Que lá vejo tremular.
Voga, voga, que alêm Doiro
É terra nossa!... A remar!
‘D’aqui é moirama cerrada
Até Coimbra e Thomar.
Voga, rema, e d’alêm Doiro!
D’aquem não ha que fiar.’
Á poppa vai Dom Ramiro
De sua galé real,
Leva a rainha á direita,
Como quem a quer honrar:
Ella, muda, os olhos baixos
Leva n’agua... sem olhar,
E como quem de outras vistas
Se quer só desaffrontar.
Ou Dom Ramiro fingia
Ou não vem n’isso a attentar;
Ja vão a meia corrente,
Sem um para o outro fallar.
Ainda arde, inda fumega
O alcaçar de Alboazar;
Gaia alevantou os olhos,
Triste se pôs a mirar;
As lagrymas, uma e uma,
Lhe estavam a desfiar,
Ao longo, longo das faces
Correm... sem ella as chorar.
Olhou elrei para Gaia,
Não se pôde mais callar;
Cuidava o bom do marido
Que era remorso e pezar
Do mau termo atraiçoado
Que com elle fôra usar
Quando o intregou ao moiro
Tam só para se vingar.
Com a voz internecida
Assim lhe foi a fallar
—‘Que tens, Gaia... minha Gaia?
Ora pois! não mais chorar,
‘Que o feito é feito...’—‘E bem feito!’
Tornou-lhe ella a soluçar,
Rompendo agora n’uns prantos
Que parecia estalar;
‘E bem feito, rei Ramiro!
Valente acção de pasmar!
Á lei de bom cavalleiro,
Para de um rei se contar!
‘Á falsa fé o mattaste...
Quem a vida te quiz dar!
Á traição... que d’outro modo,
Não es homem para tal.
‘Mattaste o mais bello moiro,
Mais gentil, mais para amar
Que entre moiros e christãos
Nunca mais não terá par.
‘Perguntas-me porque chóro!..
Traidor rei, que heide eu chorar?
Que o não tenho nos meus braços,
Que a teu podêr vim parar.
‘Perguntas-me o que miro!
Traidor rei, que heide eu mirar?
As tôrres d’aquelle alcaçar,
Que ainda estão a fumegar.
‘Se eu fui alli tam ditosa,
Se alli soube o que era amar,
Se alli me fica alma e vida...
Traidor rei, que heide eu mirar!’
—‘Pois _mira, Gaia!_’ E, dizendo,
Da espada foi arrancar:
‘_Mira, Gaia_, que esses olhos
Não terão mais que mirar.’
Foi-lhe a cabeça de um talho;
E com o pé, sem olhar,
Borda fóra impuxa o corpo...
O Doiro que os leve ao mar.
Do estranho caso inda agora
Memoria está a durar:
_Gaia_ é o nome do castello
Que alli Gaia fez queimar;
E d’alêm Doiro, essa praia
Onde o barco ia a aproar
Quando bradou—‘Mira, Gaia!’
O rei que a vai degollar,
Ainda hoje está dizendo
Na tradição popular,
Que o nome tem—MIRAGAIA
D’aquelle fatal mirar.

VERSÃO FRANCEZA

I
Nuit sombre, mais si belle encor!
Belle nuit, à travers ton ombre,
Oh! qui de tes étoiles d’or
Pourra jamais compter le nombre?
Compte-t’on les feuilles du bois?
Ou de la mer les grains des sables?
De l’Eternel telle est la voix
Écrite en lettres innombrables.
Hélas! dans ce livre divin
Nul ne peut espérer de lire!
Un auge l’essaierait en vain;
Son savoir n’y pourrait suffire.
Dom Ramire, dans son palais
Vivait heureux avec la reine,
Un juif maudit troubla leur paix
Et brisa leur tant douce chaîne.
Il prédit au roi, trop flatté
Du beau destin qu’on lui dévoile,
Que Zahara, fleur de beauté
Serait à lui!... c’est son étoile!
Le roi, que l’amour tient au cœur,
Va, plein du feu qui le dévore,
D’Alboazar ravir la sœur
Et fuit avec la belle Maure.
À Milhor, lieu rempli d’attraits,
Dont la mer baigne les rivages,
Tous deux sans soucis, sans regrets
Passaient leurs jours exempts d’orages.
La reine de ce coup affreux
Gémit et pleure et pleure encore:
Trahir ainsi ses chastes feux!
La délaisser pour une Maure!
Triste et rêveuse, à son balcon,
Seule, durant la nuit obscure,
Victime d’un lâche abandon
Elle soccombe à sa blessure:
—‘Roi Ramire! perfide roi,
Pourquoi me causer cette peine?
Mon cœur a-t’il trahi sa foi?
Je t’aimais tant!... pourquoi ta haine?
‘On dit qu’elle a quelques attraits
Cette Maure, cette infidèle;
Tu m’as pourtant, quand tu m’aimais,
Dit cent fois que j’étais plus belle.
‘On dit qu’elle a mille agréments,
Qu’elle est jeune, à la fleur de l’âge.
Moi, j’ai compté vingt trois printemps
Après mon triste mariage.
‘Ses yeux sont noirs! ce sont des yeux
Si beaux, si fiers, si pleins de charmes!
Hélas! les miens ne sont que bleus...
Et puis toujours remplis de larmes!
‘On nomme Zahara la Fleur...
_Gaia_ c’est le nom qu’on me donne!
_Gaia_ j’étais dans mon bonheur;
Plus ne le suis—l’on m’abandonne!
‘Oh! que ne suis-je un homme, hélas!
Dans le transport qui me dévore,
J’irais moi-même de ce pas
Trouver Alboazar le more.’
Elle achevait ces mots: soudain
Tournant ses regards vers la terre
Elle aperçoit dans le lointain
Des chevaux, des hommes de guerre.
—‘Peronelle, vois-tu là-bas
Ces armes qui brillent dans l’ombre?
Regarde... ce sont des soldats;
D’où viennent-ils? quel est leur nombre?
La suivante, d’un air surpris
Paraît écouter ce langage;
Des joyaux, des bijoux de prix
De son silence étaient le gage.
Où sont ses autres serviteurs?
En vain la reine les appelle
Sept cavaliers, malgré ses pleurs,
Bientôt se sont emparés d’elle.
De leurs turbans les plis soyeux
Bandent ses yeux, ferment sa bouche;
Et trois dans leurs bras vigoureux
La soulèvent d’un air farouche.
Ils sont entrés sept au palais;
Sept autres en sentinelle.
Pas un mot... tous semblent muets...
Et vite en selle!... ils sont en selle!
Un seul paraît les commander:
Sur son coursier il tient la reine...
—‘Allons!’ dit-il ‘il faut marcher!’
Tous au galop fendent la plaine.
Point de répit, point de repos,
Chacun stimule sa monture.
Ils courent par monts et par vaux,
Ils courent tant que la nuit dure.
Dans les torrents, poitrail dans l’eau
—‘A gué,’ marchons! que l’on avance!
Ailleurs, sur les flancs d’un côteau:
—Houp! en avant! que l’on s’élance!
Le jour se lève radieux,
Ils sont près de la mer profonde,
Quel est ce fleuve sinueux?
Qui vient s’engouffrer dans son onde?
La reine ouvre ses yeux enfin,
Sa bouche est libre, elle respire:
Las! elle songe à son destin
Et tout bas tristement soupire.
—‘Douro, fleuve aux perfides eaux,
Qui de dangers sèmes ta course,
Ne veux-tu donc pas de tes flots,
Me révéler quelle est la source?
‘Je te dirai par quel moyen
Cette perle est en ma puissance:
À qui m’a dérobé mon bien
J’ai dérobé son espérance.
‘C’est le sort qui le veut ainsi;
Tout suit cette pente sécrète.
Par les eaux du torrent grossi,
Le fleuve dans la mer se jette.
Ainsi chantait le ravisseur,
Et Gaia l’écoutait sans haîne.
Bientôt de ton heureux vainqueur,
Gaia, tu porteras la chaîne.
—‘Mais que font ces barques sur l’eau?’
—‘Elles viennent chercher la reine.’
—‘Quel est ce superbe château?’
—‘D’Alboazar c’est le domaine.’

II
Roi Ramire, roi malheureux,
À ta naissance un noir génie
T’a jetté quelque sort fâcheux
Qui devait tourmenter ta vie.
Peu satisfait de ce qu’il a,
À d’autres biens ton cœur aspire.
Ta fleur de beauté, Zahara,
Sur toi n’exerce plus d’empire,
La reine qu’on t’a vu chérir
Et qui par toi fut délassée...
Tu veux au more la ravir;
C’est là maintenant ta pensée.
Quelle est cette barque qui fuit,
Et du Douro va fendant l’onde?
Le bruit des rames, de la nuit
Trouble à peine la paix profonde.
Elle glisse sur les roseaux,
Elle est déjà prés du rivage;
Les saules penchés sur les eaux
La cachent sous leur vert feuillage.
Un homme s’élance soudain;
D’un bond il a touché la terre.
Il tient un bourdon d’une main,
Et de l’autre porte un rosaire.
Bientôt le soleil du matin
Répand sa clarté sur la rive.
Près du castel un pélerin
Fait entendre sa voix plaintive.
—‘Saint de Galice, qu’à genoux
Le pauvre pélerin implore,
Pour arriver au rendez-vous.
Que ton autel est loin encore!
Au pied de la tour du palais
Coule une source claire et vive:
Une jeune fille est auprès,
Elle est là, debout et pensive.
Elle écoutait d’un air rêveur
L’eau tombant de sa coupe pleine;
—‘Oh! votre voix, bon voyageur,
M’a causé la plus douce peine.
‘Sur cette terre de maudits,
C’est pour moi bien grande merveille
D’entendre ces chants du pays,
Qui jadis frappaient mon oreille.
‘Sept prêtres, autour de l’autel,
Chantaient alors cette prière,
Sept autres au chant solemnel
Répondaient d’une voix austère.
‘Le chœur entier psalmodiait,
Tous priaient d’une âme fervente;
Et la cloche retentissait
Portant au ciel sa voix bruyante.
‘Ce son qui vibrait dans les airs,
Que ne puis-je l’entendre encore?
Que ne puis-je au fond des enfers
Étouffer tous les chants du more!
—‘Que le bon Dieu veille sur vous!
Qu’il vous bénisse, jouvencelle!
Une telle langage semble doux
Où règne en maître l’infidèle,
‘Je veux prier pour vous, hélas!
Je souffre et me soutiens à peine,
Il faut que s’arrêtent mes pas
Près de cette claire fontaine.
‘Ah! qu’on est bien! quelle fraîcheur!
Comme cette eau me semble belle!
Laissez asseoir le voyageur;
Dieu vous le rendra, jouvencelle.’
—‘Asseyez-vous, bon pélerin,
—‘Asseyez-vous sur cette pierre;
L’eau qui coule dans ce bassin
Est douce et fraîche, et désaltère.
‘La reine en boit à son réveil;
J’en viens chercher avant l’aurore;
Je viens, avant que le soleil
Ne l’ait pu réchauffer encore.’
—‘Cette eau si pure doit avoir
Une vertu particulière.
Ah! pour juger de son pouvoir,
Donnez m’en, je vous prie, un verre.’
—‘Buvez, buvez, bon pélerin,
À la fontaine du roi more.
Tenez; ce vase d’argent fin
Vaut de l’or... il vaut mieux encore.’
—‘Mais que dirait votre seigneur?
Que dirait Gaia, votre reine;
S’ils voyaient l’humble voyageur
Boire à la royale fontaine?’
—‘Alboazar, avant le jour,
A quitté ce lieu solitaire.
Il est dans les bois d’alentour,
Aux sangliers faisant la guerre.
‘Ma maîtresse de ce trésor
Ne peut se montrer soucieuse:
Pour qui posséda vases d’or,
Cette coupe est peu précieuse.’
—‘De grace! Encore une faveur!
Dites-lui, bonne jouvencelle,
Qu’un pauvre chrétien voyageur
Désire être conduit près d’elle.
‘Dites-lui bien qu’un malheureux,
Mort de chagrin et de misère,
L’a de cet anneau précieux
Fait pour elle, dépositaire.’
Il tire de son doigt l’anneau,
Dans le fond du vase il le jette:
—‘Quand elle boira de cette eau
Sa surprise sera complète!
Mais la jeune fille a bientôt,
En courant, quitté la fontaine.
—‘Pourquoi ne pas venir plus tôt?’
Dit, d’un ton sévère, la reine,
‘Joyeusement tu folâtrais,
Quand de soif mourrait ta maîtresse?
—‘Oh! non, tristement je songeais,
Car je songeais à ma jeunesse.
‘Que mon destin me semble amer!
Ici, pour moi quelle existence!
Ó Milhor que baigne la mer,
Milhor, pays de mon enfance!
‘Là, chaque jour est un plaisir,
Gaîment se passe le bel âge;
C’est là qu’à Dieu l’on peut offrir
D’un saint amour le pur hommage!
—‘Tais-toi, Peronelle, tais-toi,
Ne réveille pas ma souffrance:
Tu sais bien que ce n’est pas moi
Qui désirais cette existence.
‘Mais à mon ravisseur enfin
J’ai pardonné, rendu les armes.
Esclave, je vis sans chagrin;
Reine, je vivais dans les larmes.
‘Ce vain titre était peu pour moi,
Trop peu pour tromper ma disgrâce.
Voir, auprès d’un époux sans foi,
Une more occuper ma place!’
À ce souvenir, de rougeur
Soudain son beau front se colore
Puisse cette eau, par sa fraîcheur,
Calmer la soif que la dévore!
Elle prend le vase d’argent,
Le porte à ses lèvres brûlantes,
Et voit luire au même moment
De l’anneau les pierres brillantes.
—‘C’est un sort, Jésus, mon sauveur!
Que l’on veut jetter sur mon âme:
Cette eau glace par sa fraîcheur,
Et dans le fond c’est de la flamme.’
—‘Voilà ce charme merveilleux
Qui me tenait loin de la reine.
C’est au pélerin malheureux
Que j’ai vu près de la fontaine;
‘C’est lui que dans le fond de l’eau
A voulu déposer ce gage:
De ses souhaits ce riche anneau
Devait servir de témoignage.’
—‘Oh qu’il vienne ce voyageur,
Qu’il vienne ici! que je l’entende!
Car je veux voir l’ambassadeur
Qui m’apporte une telle offrande.’

III
—‘Ne baisez point ainsi ma main;
De grâce, je vous en conjure:
Cessez, cessez, bon pélerin,
Et quittez cette humble posture.’
Mais le pélerin à ses vœux
Résiste... il devient téméraire,
Et ses baisers vont, deux à deux,
Tomber sur cette main qu’il serre.
La reine a pâlit cette fois,
Dans son cœur le courroux fermente.
Soudain, elle sent sur ces doigts
Couler une larme brûlante...
—‘Qui peut causer, bon pélerin,
La douleur que je vois paraître?
Là, contez-moi votre chagrin;
Je puis vous soulager peut-être.’
—‘Oh! non, ce n’est pas mon chagrin;
La mort fait cesser la souffrance:
Mais en vous j’espérais enfin
Retrouver ma douce existence.
‘Oh! non; ce n’est pas mon destin,
C’est la vôtre que je déplore:
La compagne d’un roi chrétien
Devenir celle d’un roi more!’
—‘Ah! ne me parlez pas ainsi!
La pitié peut être indiscrète.
Du présent je n’ai nul souci,
Et du passé rien ne regrette.
‘Dieu m’accordera son pardon;
Ce n’est pas moi qui fus coupable.
De cette lâche trahison
Ramire doit être comptable.
—‘Le ciel, jusqu’ici trop clément,
Doit en effet punir ce traître.
Ordonnez donc son châtiment,
Ramire à vos yeux va paraître.’
Ramire se lève soudain,
Et laissant là toute imposture,
De sa barbe de pélerin
Il a dépouillé sa figure.
Le bourdon qu’il tient dans sa main
Près de là va rouler à terre;
Et d’un geste plein de dédain,
Il jette à ses pieds son rosaire.
Qui pourrait dire de quels yeux
Le regardait la noble dame,
Quels sentiments impétueux
Troublaient en ce moment son âme?
Elle tremble, mais non de peur;
Sans gaîté, sa bouche est riante:
Elle est honteuse, sans pudeur;
Elle pâlit... elle est brûlante.
On voit ces sentiments divers
Se succéder sur son visage,
Comme les flots, au sein des mers,
Se heurter dans un jour d’orage.
À l’homme la vengeance plait;
Pour la femme c’est un délice;
L’un pardonne, il est satisfait;
L’autre veut qu’elle s’accomplisse.
Sous le poids de ce souvenir,
Dont la reine a l’âme oppressée,
Ce fut là son premier désir,
Ce fut sa dernière pensée.
Et puis, pour elle quel honneur!
Combien elle doit être vaine,
De pouvoir triompher d’un cœur
Qui revient reprendre sa chaîne!
Mais dans les forêts d’alentour
Chasse en ce moment le roi more,
Elle est seule dans cette tour...
Il faut se taire et feindre encore.
Elle sourit, mais tristement,
De ce sourire qui fend l’âme,
Et voile son regard charmant
Pour mieux en tempérer la flamme.
De sa voix le son enchanteur
Séduit par son pouvoir funeste;
Et si l’enfer est dans son cœur,
Sa parole est toute céleste.
Elle paraît près de fléchir,
Ses pleurs ont calmé sa colère;
Son âme feint de s’attendrir
Et sa douleur est moins amère.
Elle répète, en sanglottant:
—‘Pour pardonner, je suis trop fière.’
Mais ses yeux, dans le même instant,
Semble dire tout le contraire.
Dom Ramiro est à ses genoux;
D’une voix émue, il l’implore;
Il veut désarmer son courroux;
Il supplie... elle hésite encore.
Soudain, on entend retentir
Le bruit du cor, là dans la plaine;
La reine se sent tressaillir
Bien plus de plaisir que de peine.
—‘C’est Alboazar, c’est le roi!’
Dit-elle: ‘cachez-vous, Ramire:
S’il vous voit, c’en est fait de moi;
Fuyez, ou, sous vos yeux, j’expire.’
A peine elle a, d’un air troublé,
Fermé la porte, et par prudence,
Dans son sein déposé la clé,
Que vers elle le roi s’avance.
—‘Tristes nouvelles, je le vois,
Nouvelles de mauvais augure!
C’est du moins, la première fois
Que m’arrive cette aventure.
‘Avant d’entrer dans cette cour,
J’ai sonné du cor dans la plaine,
Et sur les créneaux de la tour
Je n’ai pas vu venir la reine.
‘C’est mal à vous, ma chère enfant,
D’avoir manqué d’exactitude.
Me faudra-t-il donc maintenant
Renoncer à cette habitude?’
Une horrible perplexité
A troublé l’esprit de la reine;
Son triste cœur flotte agité
Entre l’indulgence et la haine.
Le souvenir de ses beaux jours,
De l’ambition l’influence,
Ici, de nouvelles amours,
Là, le désir de la vengeance...
Bientôt la vengeance et l’amour
L’auront emporté dans son âme.
Ne devaient-ils pas, sans retour,
Triompher dans un cœur de femme?
—‘J’ai des nouvelles, en effet,
Et d’étranges à vous apprendre.
Entrez là, dans ce cabinet;
Vous verrez de quoi vous surprendre.’
Alboazar ouvre en tremblant,
Et recule, en voyant Ramire.
Ce qui se dit dans cet instant,
Point ne saurais vous le redire.
Ce fut comme un vent orageux,
Comme une tempête sur l’onde,
Comme si la terre et les cieux
Luttaient pour abîmer le monde.
À la raison enfin rendu,
Le roi prononce la sentence:
—‘Chrétien, ton honneur est perdu;
Je veux te laisser l’existence.
‘J’ai pû me payer largement
Du mal dont tu m’as fait victime;
Ta honte suffit maintenant
Pour expier ton nouveau crime.’
Dom Ramire sentait son cœur
Gonflé de dépit et de rage;
D’un air contrit, plein de candeur,
Il fait entendre ce langage!
—‘Bien grand, hélas! fut mon forfait!
Envers toi je fus trop coupable;
Je ne veux pas d’un tel bienfait;
La mort me semble préférable.
‘C’est pour me mettre à ta merci,
Pour me livrer à ta vengeance
Que je suis venu seul ici;
Non pour implorer ta clémence.
‘C’est pour racheter mon erreur,
Sauver mon âme de l’abîme:
C’est l’ordre d’un saint confesseur
À qui j’ai confessé mon crime.
‘Il faut, m’a-t-il dit justement,
Et c’est mon vœu, je te le jure,
Que public soit le châtiment,
Puisque publique fut l’injure.
‘Ordonne ici de tes soldats
Que la troupe se réunisse,
Et que sous leurs yeux, mon trépas
Satisfasse enfin ta justice.
‘Vite! qu’ils entendent au loin
Le son du cor qui les appelle;
Que chacun, de ma mort témoin,
En garde un souvenir fidèle.
‘Qu’on dise, en me voyant mourir:
—«Quelque bruit qu’ait fait son offense,
Un bruit plus fort va retentir,
Et c’est celui de la vengeance!»
Le roi touché de son remords,
Lui veut conserver l’existence;
Mais la reine a juré sa mort;
Elle s’oppose à la clémence.
On voit les soldats accourir;
Le château prend un air de fête;
Ramire debout, sans pâlir,
Regarde la morte qui s’apprète.
—‘Sonnez, trompettes et clairons,
You have read 1 text from Portuguese literature.
Next - Romanceiro I: Romances da Renascença - 8
  • Parts
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 1
    Total number of words is 4432
    Total number of unique words is 1717
    31.2 of words are in the 2000 most common words
    45.2 of words are in the 5000 most common words
    52.5 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 2
    Total number of words is 4185
    Total number of unique words is 1739
    31.7 of words are in the 2000 most common words
    45.3 of words are in the 5000 most common words
    52.7 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 3
    Total number of words is 3875
    Total number of unique words is 1461
    32.0 of words are in the 2000 most common words
    45.1 of words are in the 5000 most common words
    53.3 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 4
    Total number of words is 4073
    Total number of unique words is 1769
    25.5 of words are in the 2000 most common words
    35.6 of words are in the 5000 most common words
    40.9 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 5
    Total number of words is 4134
    Total number of unique words is 1543
    35.3 of words are in the 2000 most common words
    48.4 of words are in the 5000 most common words
    54.3 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 6
    Total number of words is 4194
    Total number of unique words is 1668
    27.2 of words are in the 2000 most common words
    36.0 of words are in the 5000 most common words
    39.9 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 7
    Total number of words is 4055
    Total number of unique words is 1555
    19.1 of words are in the 2000 most common words
    24.8 of words are in the 5000 most common words
    27.5 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 8
    Total number of words is 4121
    Total number of unique words is 1672
    30.3 of words are in the 2000 most common words
    41.5 of words are in the 5000 most common words
    47.2 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.
  • Romanceiro I: Romances da Renascença - 9
    Total number of words is 1522
    Total number of unique words is 727
    39.5 of words are in the 2000 most common words
    51.3 of words are in the 5000 most common words
    57.8 of words are in the 8000 most common words
    Each bar represents the percentage of words per 1000 most common words.